Projeto imobiliário para o Jockey tem até Plano Diretor

Vila Hípica


Publicada em 03/09/2010 às 23h45m
Ruben Berta  - O Globo
Uma grande intervenção numa das áreas mais nobres da Zona Sul entrará na semana que vem na reta final de discussões. Como noticiou a coluna de Ancelmo Gois sexta-feira no GLOBO, será apresentado aos sócios do Jockey Club Brasileiro a partir de quinta-feira um projeto que pretende transformar toda a área de cocheiras - a Vila Hípica - num grande empreendimento imobiliário. A intenção é construir blocos de escritórios e um centro médico, além de um espaço de convenções e um deck com restaurantes e estabelecimentos culturais com vista para a Lagoa. A iniciativa é tão grandiosa que inclui até Plano Diretor.
O pacote do projeto inclui intervenções de trânsito. Seriam construídas na Avenida Borges de Medeiros duas alças e uma passarela de pedestres. Também haveria uma alça de acesso na Rua Jardim Botânico, além de uma terceira pista na General Garzón. Está prevista ainda a retirada do muro da Rua Jardim Botânico, que seria substituído por grades, além de uma modificação no traçado da reta dos mil metros da pista de turfe. As mudanças, porém, teriam de passar pelo órgão do patrimônio municipal, pois a pista e trechos do muro são tombados.
Obras foram orçadas em R$ 650 milhõesA ideia começou a ser discutida no Jockey em 2007. A Fundação Getúlio Vargas foi contratada para uma consultoria, que escolheu a proposta vencedora entre três apresentadas ao clube. A área prevista é de 124 mil metros quadrados, com metade de construções e o restante de paisagismo, o que corresponde a 19% do total do terreno.
O empreendimento, orçado em R$ 650 milhões e batizado de Jockey Club Boulevard, foi desenvolvido pela Odebrecht e Performance Imobiliária. As edificações, com dois andares e térreo, foram concebidas pelos escritórios de Paulo Casé e Eduardo Mondolfo. Se aprovadas, as obras seriam feitas em escalas, com previsão de conclusão total em seis anos. Seria feita uma concessão de 50 anos aos empreendedores e o Jockey ficaria com 12,5% da renda bruta.
Na quinta-feira, começará uma série de exposições internas do projeto. A previsão é que no dia 6 de outubro seja convocada uma assembleia, para que os sócios decidam se querem ou não o empreendimento. Se aprovado, o projeto será enviado aos órgãos públicos. Desde 1989, o terreno do Jockey é considerado Área de Proteção Ambiental. Em 1996, alguns trechos foram tombados pelo patrimônio municipal. A Vila Hípica, porém, para onde estão previstas as intervenções imobiliárias, não é tombada.
A direção do Jockey já está em contato com a Secretaria municipal de Cultura. Por sugestão do Conselho Municipal de Patrimônio, o clube contratou um escritório de arquitetura que está fazendo um Plano Diretor para todo o terreno vinculado à construção do Boulevard.
- O Jockey tem um prejuízo previsto para este ano de R$ 20 milhões. Precisamos pensar em viabilizar a atividade do turfe, além de ter mais recursos para a manutenção daquilo que é tombado - afirma o presidente do Jockey Club, Luiz Eduardo da Costa Carvalho.
Estão previstas 2.500 vagas de estacionamento no subsolo. Os cavalos seriam transferidos para um centro de treinamento na Região Serrana. O Hospital Veterinário seria desativado e substituído por um Centro de Emergência. Algumas associações de moradores da região já estão sendo ouvidas.
- Pode ser importante para a revitalização da área, mas ao mesmo precisamos ficar atentos aos impactos no trânsito - afirmou o presidente da associação do Jardim Botânico, Alfredo Piragibe Jr.