Estaleiros e cemitério são obstáculos à obra de duplicação da Avenida do Contorno, em Niterói

25/10/2011 - O Globo

Estaleiros e cemitério são obstáculos à obra de duplicação da Avenida do Contorno, em Niterói.

Henrique Gomes Batista (henrique.batista@oglobo.com.br) e Paulo Roberto Araújo (pra@oglobo.com.br)

RIO - A duplicação da Avenida do Contorno, em Niterói, um dos principais gargalos do trânsito do Grande Rio, vai demorar mais do que o previsto. Embora programada no contrato de concessão da BR-101, administrada pela espanhola OHL (Autopista Fluminense), a obra não sai porque há um impasse que impede a expansão da via: de um lado estão os estaleiros, que não querem perder espaço, e de outro há um cemitério. O gargalo é responsável por engarrafamentos diários na entrada e na saída da Ponte Rio-Niterói e pelo caos no tráfego nos fins de semana de verão.

- Há uma decisão, uma cobrança da Casa Civil, para que essa obra saia logo, mas estamos com um quebra-cabeça. O prefeito (de Niterói) e o governador (do Rio) nos pediram para reduzir ao máximo possível os impactos nos estaleiros. Mas do outro lado há um cemitério, e é sempre um problema fazer exumação de cadáveres. Estamos negociando, e a solução terá que sair logo -- afirmou Mário Rodrigues Júnior, diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

Ele lembra que o projeto já conta, inclusive, com licenciamento ambiental e recursos. Houve uma série de adaptações no traçado para minimizar o impacto nos estaleiros. No entanto, o projeto final afeta ainda de forma relevante o estaleiro Renave, no Barreto, em Niterói. Rodrigues Júnior disse que a prefeitura está oferecendo uma parte da área do cemitério, mas que tudo tem que ser muito bem negociado.

-- A solução tem que passar por um ajuste do atual licenciamento. Se tivermos que pedir um novo, esquecemos tudo e fazemos a obra como está prevista, passando pela desapropriação do terreno dos estaleiros -- disse o diretor da ANTT.

Rodrigues Júnior informou que a decisão sobre a obra deve sair ainda este ano. Os trabalhos, contudo, devem demorar um pouco para ser iniciados, pois não é aconselhável começá-los no verão, quando o tráfego e os congestionamentos na via aumentam significativamente. A obra de dois quilômetros está orçada em R$ 25 milhões e deve demorar dois anos para ser concluída.

O governo do Estado do Rio confirmou que pediu o reestudo do projeto, para não prejudicar quatro estaleiros, que perderiam áreas com a ampliação da avenida. A solicitação foi feita depois que as empresas argumentaram que seriam prejudicadas e não teriam como atender a encomendas de navios e plataformas feitas pela Petrobras. Isso poderia gerar desemprego em massa.

Concessionária: liberação de áreas está em andamento
Para atender os estaleiros, que ficam na pista em direção à Ponte, a mudança do projeto teria que direcionar a ampliação da pista no sentido oposto. Para isso, contudo, é preciso invadir a área do Cemitério do Maruí e cortar uma pedreira, sem uso de dinamite, para não prejudicar o tráfego pesado da via.

Em nota, a OHL informou que está "em andamento o processo de liberação das áreas necessárias para as obras, o que inclui negociações com os proprietários dos terrenos às margens da rodovia. Esse processo segue em conformidade com as leis vigentes, e as obras serão iniciadas assim que os espaços forem disponibilizados. Os estudos relativos à mudança de traçado do trecho da Avenida do Contorno mais próximo à Ponte Rio-Niterói estão em análise na ANTT. Quanto à outra extremidade da Avenida do Contorno, a agência reguladora analisa a possibilidade de revisão do projeto executivo".