Mais obras no caminho

17/09/2012 - O Globo, Isabela Bastos

Canteiros do Porto Maravilha interditam Francisco Bicalho parcialmente a partir de dezembro

Uma das principais ligações entre a Ponte Rio-Niterói, a Zona Portuária e o Centro da cidade, a Avenida Francisco Bicalho será interditada gradualmente, a partir de dezembro, para obras do projeto Porto Maravilha. Previsto para durar seis meses, o bloqueio ocupará alternadamente cada uma das quatro pistas da avenida, sempre no trecho a partir do Viaduto Engenheiro Paulo de Souza Reis (de acesso à Linha Vermelha). A primeira interdição se dará na pista lateral sentido Rodoviária Novo Rio. O objetivo é abrir caminho à implantação das novas redes de água, luz, esgoto, drenagem e telefonia da área. Segundo o presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto (Cdurp), Jorge Arraes, a prefeitura optou por iniciar as obras em dezembro para tentar amenizar os transtornos ao tráfego, em função das férias escolares, numa região onde os congestionamentos diários são um desafio à paciência dos motoristas. Pela Francisco Bicalho passam 104.730 veículos por dia, de acordo com estatísticas da CET-Rio.
Nova rua será aberta ainda este mês
Com as mudanças, os motoristas que precisarem passar pela avenida a caminho da Ponte ou da Avenida Brasil terão que usar a pista central da Francisco Bicalho. Já para chegar à Zona Portuária, será necessário pegar uma nova rua, que está sendo construída e ficará pronta ainda este mês, dentro do terreno conhecido como Praia Formosa, situado nos arredores da Rodoviária Novo Rio. Chamada de D1, a nova via ligará a Francisco Bicalho à Rua Santo Cristo, no bairro de mesmo nome. Seu traçado começa junto às pilastras do Viaduto Paulo de Souza Reis.
- A nova rua passa no terreno onde serão erguidas as instalações dos Jogos Rio 2016. Com o bloqueio na Francisco Bicalho, ela será a alternativa de caminho para a Zona Portuária, durante as obras. Depois das intervenções, a via ficará para o uso permanente da cidade - explica Jorge Arraes.
Neste sábado, a prefeitura concluiu o alargamento da Rua General Luiz Mendes de Moraes, que contorna o terreno da Praia Formosa e dá acesso ao Viaduto Paulo de Souza Reis. A rua, que tinha três faixas de rolamento, ganhou outras três. Mas, de início, a ampliação não poderá ser aproveitada integralmente pelos motoristas. Isso porque as faixas antigas serão fechadas ao trânsito para a implantação de infraestrutura de serviços públicos. Ainda de acordo com o presidente da Cdurp, as novas ruas na região estão sendo abertas ainda sem a urbanização e o paisagismo das calçadas, que serão feitos ao longo do ano.
- A meta é abrir a via ao tráfego rapidamente para melhorar o trânsito. O paisagismo pode ser feito sem prejuízo da circulação - complementa o presidente da Cdurp.
Já o trecho inicial da Avenida Francisco Bicalho, entre a linha férrea da SuperVia e o Viaduto Paulo de Souza Reis, só será interditado para obras no ano que vem. Segundo Arraes, desvios de trânsito nessa parte da avenida são mais complicados. Por conta disso, nesse trecho da via, as obras terão que ser noturnas, com as pistas sendo liberadas aos motoristas durante o dia.
- Ali teremos que mexer com cuidado, porque há muitos pontos de ônibus. Essa parte precisa ser bem planejada, devido ao impacto na vida das pessoas. Mas já sabemos que as obras terão que ocorrer sobretudo à noite - diz Arraes.
A obra acontece pouco mais de dois anos depois de a Francisco Bicalho ter passado por uma grande obra de recapeamento. Em 2010, a avenida chegou a ser anunciada como parte do conjunto de 45 ruas e avenidas das áreas de planejamento 1 (Centro) e 2 (Zona Sul, Tijuca e adjacências) que seriam recuperadas naquele ano, com investimento de R$ 61,1 milhões, pelo programa Asfalto Liso. A Secretaria municipal de Obras informou, contudo, que a via não foi beneficiada pelo programa, tendo sido recuperada pela Secretaria municipal de Conservação e Serviços Públicos. Já a Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto informou que o trabalho foi feito dentro da parceria público-privada (PPP) do Porto Maravilha.
- O trabalho na avenida foi executado pelo consórcio do Porto Maravilha e era uma solução provisória. O asfalto estava muito ruim na época e precisava passar por reparo antes das obras definitivas do Porto Maravilha - justificou Jorge Arraes.
Perimetral começa a ir ao chão em abril
Iniciado em 2009 e orçado em cerca de R$ 8 bilhões, o projeto Porto Maravilha prevê um conjunto de obras de reestruturação do trânsito da Zona Portuária; de redimensionamento das redes de água, luz, esgoto, drenagem e telefonia de uma região com cinco milhões de metros quadrados; de reurbanização do passeio público; e de recuperação do patrimônio histórico. O projeto prevê ainda que a concessionária Porto Novo, vencedora da licitação da parceria público-privada do porto, fique responsável pela execução de serviços - como coleta de lixo, troca de lâmpadas e operação de tráfego - por um prazo de 15 anos.
A obra de peso mais significativo é a derrubada do Elevado da Perimetral, prevista para começar em abril do ano que vem. A ideia da prefeitura é concluir todo o pacote de reformas até o primeiro semestre de 2016, a tempo dos Jogos Olímpicos do Rio.
Para substituir as pistas do elevado, estão sendo abertas novas ruas e avenidas na Zona Portuária. Uma delas é a chamada Avenida Binário, que terá seis faixas de rolamento, três em cada sentido. A nova avenida cortará a região seguindo paralelamente à Avenida Rodrigues Alves. Ela terá dois túneis, um sob o Morro da Saúde e outro passando por baixo da Praça Mauá e do Morro de São Bento. Já a Avenida Rodrigues Alves será transformada em uma via expressa, também com túnel, que deverá ser interligado, futuramente, com o Mergulhão da Praça Quinze.