Classe C nas favelas cresceu

06/11/2012 - O Globo Online

De 2001 a 2011, essa faixa da população subiu de 29% para 66%

A distribuição de classes econômicas mudou radicalmente nas favelas cariocas entre 2001 e 2011. Enquanto a proporção de moradores da classe C passou de 29% para 66%, o número de pessoas que pertencem à classe D caiu de 59% para 20%. Como noticiou na segunda-feira o jornal "Valor Econômico", um levantamento feito pelo Instituto Data Popular, com base em entrevistas em cinco comunidades e dados do IBGE, mostra ainda que, no mesmo período, os representantes da classe AB - com renda familiar a partir de R$ 4.345 - passaram de 1% da população das favelas cariocas para 13%.
Segundo o levantamento, se as cerca de mil comunidades do Rio formassem um município, ele seria o nono maior do país. E essa população tem forte peso na economia carioca, movimentando R$ 13 bilhões por ano, do total de R$ 38,6 bilhões que as favelas brasileiras movimentam anualmente. Na série de reportagens "Favela S/A", publicada em 2008, O GLOBO já apontava o potencial de consumo dessa parcela de moradores, cuja renda anual foi então estimada entre R$ 5 bilhões e R$ 10 bilhões.
O público-alvo das entrevistas do Data Popular, realizadas no Complexo do Alemão, na Cidade de Deus e na Chatuba (Mesquita), foram os jovens entre 15 e 25 anos. O instituto ouviu 500 deles em cinco favelas para abordar temas que vão da participação na renda familiar aos planos profissionais. Os resultados mostram que ajudar financeiramente em casa é um dever precoce para esses jovens. Entre os maiores de idade, 85% contribuem com a renda da casa e 70% estão empregados ou são autônomos. Mas o sonho de cursar uma faculdade (declarado por 39%) prevalece sobre o desejo de conseguir emprego (28%). No universo geral da pesquisa, 28% são a principal fonte de renda da família.
As entrevistas revelaram o perfil de consumo desse grupo. Na hora de escolher um produto, em geral, eles dão mais peso à marca e à qualidade do que ao preço. Perguntados sobre o que pretendem adquirir nos próximos 12 meses, 49% responderam que desejam comprar móveis, 36% querem eletrodomésticos e 24% planejam contratar TV por assinatura. Cerca de 16% usam cartões de crédito emprestados. A falta de um cartão próprio é uma das razões para que não comprem na internet. A porcentagem dos que consomem on-line (16%) é bem menor do que a de jovens acostumados a se conectar (90%).
O levantamento do Data Popular, encomendado pela rádio Beat 98, com apoio da Central Única das Favelas (Cufa), mostrou ainda que a proporção de analfabetos entre os jovens nas favelas é menor do que na população com mais de 50 anos: eles são 3% no primeiro grupo e 14% no segundo.


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