Invasores do prédio no Flamengo tentam ocupar outro imóvel abandonado

Edifício, localizado no Centro, já abrigou órgão federal

POR DAYANA RESENDE

24/04/2015 - O Globo

Invasores ficaram sentados na calçada, após serem retirados de prédio abandonado, no Centro - 

Fernando Quevedo / Agência O Globo

RIO - Os invasores que foram retirados do Edifício Hilton Santos, no Flamengo, tentaram ocupar outro prédio, na madrugada desta sexta-feira, no Centro da cidade. O grupo, com cerca de 50 pessoas, saiu da Cinelândia, onde estava acampado, e seguiu em direção a um imóvel abandonado na Avenida Venezuela 53, onde funcionava o Iapetec (Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em Transportes e Cargas). Eles foram retirados pela Polícia Militar e não houve tumulto.

Segundo a PM, os invasores quebraram o cadeado do portão e montaram barricadas com madeira para dificultar a entrada da equipe. Depois de longa negociação, o grupo aceitou deixar o imóvel.

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COM MEDO, VIGIA SE ESCONDEU

Ainda de acordo com os militares, havia um vigia no edifício no momento da invasão, mas, ao perceber que o portão estava sendo arrombado, ele se escondeu com medo de ser agredido.

O grupo permaneceu na calçada do prédio após a desocupação, mas a polícia acredita que eles voltem para a Cinelândia, onde ocupa as calçadas desde o último dia 14, quando a PM cumpriu um mandado de reintegração de posse e retirou cerca de 350 pessoas que haviam invadido o edifício do Flamengo no Morro da Viúva, arrendado pelo grupo EBX, do empresário Eike Batista.

Na tarde desta quinta-feira, dezenas de pessoas dormiam sob marquises ao redor da Praça Marechal Floriano Peixoto. Pela manhã, funcionários da Comlurb e guardas municipais haviam pedido aos moradores de rua que não colocassem mais colchões, cadeiras e sofás nas calçadas, mas o apelo foi ignorado, para desespero de comerciantes da região. Eles reclamam que, além dos transtornos causados pela ocupação dos espaços destinados a pedestres, aumentou o número de roubos, assim como o consumo de drogas.

AÇÕES NÃO DÃO RESULTADO

A Secretaria municipal de Ordem Pública (Seop) informa que vem trabalhando diariamente para evitar que a Cinelândia vire um grande acampamento. Entretanto, o órgão destaca que não pode impedir a permanência de moradores de rua em áreas públicas - eles têm o direito de se recusar a ir para abrigos.

A Guarda Municipal também informa que, desde a desocupação do prédio do Flamengo, atua todos os dias na Cinelândia e nos arredores para garantir o ordenamento urbano e o cumprimento do código de posturas da cidade, que proíbe a montagem de acampamentos ou ocupações irregulares. Ainda segundo a corporação, três homens que seriam integrantes do grupo de moradores de rua foram detidos na noite de segunda-feira por assalto e depredação. O caso está registrado na 5ª DP (Mem de Sá).

Nos últimos dois dias, cerca de 300 pessoas procuraram o Núcleo de Terras e Habitação (Nuth) da Defensoria Pública do estado, em busca de apoio para o recebimento de benefícios sociais. Todas foram direcionadas para entrevistas individuais, durante as quais assistentes sociais fizeram um cadastro, que será entregue às secretarias estadual de Assistência Social e Direitos Humanos e municipal de Desenvolvimento Social. Apesar do esforço, o defensor público João Helvécio de Carvalho, coordenador do Nuth, admite que não há qualquer previsão de uma solução para o caso.
 
PARTE DO GRUPO JÁ OCUPOU OUTROS IMÓVEIS

Famílias que hoje estão na Cinelândia participaram de algumas invasões a imóveis vazios na cidade. Antes de ocuparem a antiga sede do Flamengo, elas montaram acampamento em um terreno da Cedae na Via Binário, de onde foram expulsas por policiais militares e guardas municipais em março. Cerca de 60 pessoas desse grupo também ocuparam, no mesmo mês, a escadaria da Câmara Municipal.

No ano passado, centenas de famílias invadiram um galpão no qual funcionava uma fábrica no Complexo do Alemão. Aproximadamente 400 pessoas permaneceram no local por nove meses. A desocupação aconteceu em dezembro.

Houve ainda, em abril de 2014, uma invasão a um terreno da Oi no Engenho Novo. Mais de 5 mil pessoas tomaram os galpões do local. Na desocupação, 27 pessoas foram detidas.


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