Retomado pela UFRJ em 2010, Canecão ainda tem futuro incerto

Por falta de recursos, casa não foi transformada em centro cultural
   
POR ELENILCE BOTTARI 

26/05/2016 - O Globo

A fachada do Canecão está sem letreiro e cheia de pichações - Alexandre Cassiano / Agência O Globo

RIO - Fechado há quase seis anos, após uma longa batalha judicial que garantiu a reintegração de posse para a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Canecão, uma das mais famosas casas de espetáculos do Rio por quatro décadas, ainda não tem data para reabrir. O palco pelo qual passaram muitos artistas, inaugurado pelo empresário Mario Priolli em 1967, encerrou as atividades em 15 de outubro de 2010 para ser transformado não só em um espaço de promoção de cultura, mas também de educação, ensino e ciência da UFRJ. Porém, por falta de recursos, o projeto não foi à frente e todo o mobiliário que havia no local está abandonado.

Mas, apesar da crise financeira que a universidade enfrenta, o reitor Roberto Leher garante que o espaço será reaberto por meio de parcerias público-privadas:

— Foram os artistas que configuraram aquele espaço como um patrimônio cultural estratégico para a cidade, e precisamos reivindicar essa herança simbólica. Nós temos a responsabilidade de retomar esse espaço icônico, agora com outro conceito. A recuperação do local será gradual, de modo que possibilite o seu uso no prazo mais curto de tempo por artistas e pela universidade.

IDEIA É ATRAIR EMPRESÁRIOS COM INCENTIVOS FISCAIS

Segundo o reitor Roberto Leher, a UFRJ espera reativar o Canecão com o apoio das áreas de cultura do município, do estado e do governo federal:


A fachada do Canecão, pichada, apresenta sinais da deterioração que se arrasta desde sua retomada pela UFRJ, há dois anos. Foto de 8/12/2012

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— Vamos pedir, por meio de incentivos fiscais, a participação de empresários que compreendem a relevância de um equipamento cultural que carrega uma tradição histórica, construída por músicos e outros artistas.

Para Leher, o Canecão foi utilizado por décadas de forma indevida, o que resultou numa longa disputa judicial:

— A despeito dessa relação desvantajosa para a UFRJ, compreendemos que a casa de espetáculos onde funcionou o Canecão tornou-se, ao longo dos anos, um patrimônio cultural do Rio de Janeiro e do país. Queremos recuperar o prédio, devolvendo à cidade um espaço de promoção de cultura, mas também da educação, ensino e ciência, que são finalidades da universidade.

No momento, profissionais da Escola de Belas Artes e arquitetos da UFRJ trabalham para estabelecer um novo conceito para o local. A proposta é criar um espaço multiuso, com mobiliário e palcos móveis, o que permitirá a realização de eventos dos mais diferentes tipos, de seminários internacionais a shows de MPB, de teatro de arena a concertos de música clássica.

PAINEL SERÁ RECUPERADO

A primeira atividade cultural para o público será a abertura do Laboratório Público de Restauro, que exibirá aos moradores e turistas, em tempo real, a restauração do painel “A Última Ceia”, que o cartunista Ziraldo pintou em 1967, na então choperia Canecão. A etapa atual é de preparação do restauro. Já foram demolidos paredes e tapumes que há anos impediam que a obra fosse vista. O painel é um dos maiores do Brasil, com 32mX6m.

Apesar do atraso para a reabertura do espaço, a UFRJ já conta com a torcida de Ziraldo.

— A ideia é que eu trabalhe na restauração do mural com alunos da Escola de Belas Artes. Tenho 84 anos e sou muito otimista. Gostaria muito de deixar o mural inteiro — disse o artista.

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